segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tentando simplificar

há um tempo atrás escrevi um texto sobre as paredes invisíveis que crescemos conformados com, e que caem com o tempo ( ou não.). Mas achei que talvez não desse pra entender exatamente o que eu queria dizer, portanto resolvi fazer um "desenho", que vou levar como apoio pra explicar como encaro.
olha que lindo.

Na minha visão, a nossa vida, como conhecemos, envolvendo a sociedade e todas essas coisas, está cheia de casualidades e situações que, assim como está no desenho, podem ser de qualquer jeito. Por isso os vários tamanhos e cores. E as listras brancas são as relações entre elas, sejam relações reais ou relações da nossa cabeça.
Ok, vamos por partes. As relações reais seriam mais ou menos assim. Digamos que a bola roxa seja tua situação ruim com teu padrasto e a amarela  seja uma briga não cicatrizada com teu avô. Esse risco entre eles pode ter sido algo que foi feito entre essas situações que tenham ligado uma na outra, criando a ponte. Como uma provocação de uma das partes que tenha gerado toda essa coisa tensa na familia.
E as relações da tua cabeça seria o teu, exclusivamente teu, modo de ver as coisas. E são mais desse segundo tipo de relação que se tratam os meus pensamentos. No primeiro desenho não estão as paredes invisíveis, mas vou pô-las:

Nessas paredes impostas culturalmente à nós, o que acontece é o seguinte - Pegamos um pequeno trecho de conexão entre as bolinhas e chamamos de alguma coisa. Porém esse trecho de conexão deve conter pré-requisitos para a vaga de alguma coisa na vida de alguém. Simplificando: Essa área circulada de verde é a relação entre a bolinha roxa e a cinza. Socialmente elas ririam juntas, brincariam e contariam segredos. Elas se adoram. Portanto? Amizade. 
Quem te disse o que é amizade foram todas as outras pessoas com as quais tu conviveu até hoje. Que também cresceram do mesmo jeito.
E aí é que está a parede invisível. Que também podemos chamar de rótulos.
Culturalmente falando, a bolinha roxa, caso fosse casada ou tivesse algo a mais com a bolinha cinza, deveria gostar dela e somente dela. Mas tentem olhar de cima como eu tento fazer, e me digam.. Por que? Nada impede a bolinha roxa de gostar da bola verde TAMBÉM. Mas isso a nossa cultura desconhece, e daí tendemos a rotular de novo - "puta" "não gosta dele" e por aí vai. (Vamos deixar bem claro que não, não estou apaixonada por duas pessoas.)  Vamos concordar que assim, vendo de cima, não há nada que a impeça de gostar das duas bolinhas, não é?
Para provar que amizade, namoro, vizinho, tia do mercadinho e afins são só rótulos que contém pré-requisitos, podemos usar os homens na sua grande massa e compararmos com os de outros lugares. Culturalmente, a amizade entre homens, aqui, envolve no máximo um tapinha nas costas - vale lembrar que essas paredes nos ajudam, inicialmente, a separar as coisas e nos acharmos na vida- enquanto na Índia os homens andam abraçados ou de mãos dadas, e continuam sendo amigos. 
Essas paredes nos dão alguns preconceitos embutidos em nós de fábrica, como estranhar amigos que se beijam.(não pensem em sexos, pensem em pessoas) Mas seguindo o mesmo pensamento da bolinha que gosta de duas ao mesmo tempo, quando olhamos de cima, nada obriga uma amizade a não ser amizade por envolver beijos e um romance a não ser romance por não envolver o mesmo. Obviamente se retirarmos TODAS as paredes invisíveis o mundo vai ficar louco. Creio que muita gente nem conseguiria admitir essas tais paredes, quem dirá ter capacidade de sobreviver sem elas. Por que criamos elas, inconscientemente, mas criamos, então precisamos delas.
Sempre reviso o que eu ponho dentro de paredes e o que não ponho. É realmente esquisito tentar ver as coisas sem rótulos, e tenho que admitir que eles são extremamente importantes ainda. O ser humano pode ser radical e imbecil. Se todos aceitarmos que teoricamente nada impede que colegas de trabalho façam sexo casual um com o outro durante o trabalho, nem que tu agarre o outro se ele não quiser, tendo em vista que esses pré-requisitos como "não estupre ninguém" (na teoria) são fúteis, e se a parede que diz "não se deve fazer sexo com o colega de trabalho durante o expediente" for quebrada, seria um alto índice de estupros e coisas esquisitas nos escritórios. Agora imagina se isso acontecesse em todas as áreas, em todas as idades e em todos os tipos de relações. Seria botar fogo no mundo como o conhecemos.
Mas nada nos impede de ir quebrando certas paredes na nossa vida, por que talvez nos ajude em certos casos. Bem, era isso.